Pesquisar este blog

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Texto analítico sobre o livro “Mundialização e Cultura” e o documentário “The Corporation”.

Ao falarmos de paradoxos da mundialização e das corporações, podemos ponderar os conflitos iniciais que surgiram entre organização x estado quando a globalização passou a interferir diretamente nas empresas, citando como exemplo, o acirramento da concorrência, extensão e abrangência do mercado que passou a ser internacional, influência do estrangeirismo nos mercados nacionais, etc. O mundo passa parecer um única arena de energias espalhadas e que não há ninguém no controle.

Antigamente, as corporações não tinham grandes importâncias no cenário mundial. Hoje, elas são totalmente dominantes do mercado e interferem diretamente na cultura, economia, política e até mesmo nos destinos de alguns países. Hoje, o Estado sozinho não consegue tomar decisão nenhuma sem o aval final das organizações.

As organizações passaram a dominar o poder econômico mundial e segundo o documentário The Corporation, as empresas lançam os produtos no mercado, espe-cialmente produtos que melhoram a vida das pessoas impetrando assim, preencher o escopo de “responsável social” sendo que na verdade, o único objetivo real das em-presas é o lucro. O documentário retrata também o poder abusivo das empresas ao se aproveitarem da 14.ª emenda da Constituição Norteamericana para adquirirem o direito de pessoas físicas oferecendo baixos salários aos trabalhadores em países pobres, a falta de ética no poder empresarial, o poder de sedução das propagandas, as tentativas de privatizarem recursos naturais provindos de outros países o poder da manipulação política, etc.

Nas últimas duas décadas o mundo passou por varias mudanças, sobretudo na área econômica. Surge então a necessidade de reformulação nos negócios. E o primeiro aspecto a ser considerado é a globalização do mercado. Desde então, o foco principal da área de produção não é mais o volume, e sim a especialização de produtos que atendam a públicos mais exigentes e segmentados.

Atualmente, a maioria dos governos, antes de tomar qualquer decisão que venha influenciar a nação como um todo, reúne-se com as organizações para discutirem qual melhor decisão a tomar sem que haja partes prejudicadas, nestes casos, as organizações.

Com isso, o processo de aculturação mundial passa a ter grande relação com as organizações, pois elas passaram a ser detentoras do mercado mundial. O mesmo produto disponibilizado no Brasil, você o encontra da mesma maneira no Chile, na Argentina, na França ou na Dinamarca, por exemplo. Processo também chamado de desterritorialização.

O Mercado não é único. Ele passa a ser internacional. Para se adequar a essa realidade as Multinacionais têm de se reestruturar. Com isso, ao invés de adequar os produtos e preços ao país em que se situa a ordem agora é atuar de maneira singular, vendendo as mesmas coisas em diversos países. Com isso as empresas deixam de ser “Multinacionais” para tornarem-se “Globais”, universalizando seus produtos e serviços.

Neste processo, os emblemas não pertencem mais somente a uma civilização, a uma região. Os símbolos comuns em aeroportos, shoppings, criam ambientes familiares para o indivíduo fazendo com que este se familiarize com lugares que não fazem parte de sua cultura inicial não existindo mais raízes geográficas. Sendo assim, os in-divíduos se tornam cada vez mais consumistas com o emaranhado de produtos oferecidos.

Esta gama de produtos oferecidos faz com que um automóvel que a princípio é fabricado na Alemanha, tenha seus vidros produzidos na França, seu párabrisa pro-duzido no Brasil, havendo flexibilidade das tecnologias e a descentralização da produ-ção, ou seja, o carro não será produzido em um país somente, suas demais peças são produzidas em outros locais. E isto não acontece somente com os automóveis. A indústria cinematográfica e a indústria das artes também funcionam da mesma maneira.

Porém, somente a produção não basta. A difusão e o consumo dos produtos em grande escala são fatores importantíssimos e é aí que entra a publicidade e o marketing fazendo com que as referências simbólicas funcionem como distinção social e consequentemente a criação da cultura mundial onde os produtos ditam como os indivíduos devem se comportar e consumir.

Nesta luta no mundo capitalista, a gama de vender, lucrar, beneficiar-se, consumir faz com que as políticas totalitárias, cujas corporações sempre foram amigas, se-jam refletidas nas relações de trabalho. No documentário o autor relata as relações de trabalho com as grandes corporações e mostra o lado negativo delas. Pois os funcioná-rios são submetidos às ligações criminosas nas quais as empresas estão relacionadas. E ainda cita como exemplos a diminuição do homem à condição de máquina e a de-sumanização do processo de produção, os baixos salários, etc.

A Comunicação exerce papel fundamental no mundo globalizado. As campanhas publicitárias são milionárias, e a logomarca é mais do que a identificação de um produto, ela rotula pessoas. É impressionante a forma como o status social está di-retamente ligado as marcas que cada um consome. E pior, o consumo está cada dia mais acelerado e irresponsável.

As corporações divulgam suas ações sócio-ambientais se envaidecendo e transmitem isso aos seus públicos. Esses embora se considerem “globalizados”, deten-tores de dinheiro e informação, muita vezes não atentam para a exploração de traba-lhadores que manufaturam seus bens e disponibilizam os seus serviços.

Empresas de vestuário e calçados que cobram preços altíssimos por seus pro-dutos, ou melhor, pela sua marca, instalam-se em lugares miseráveis para pagarem sa-lários de fome. E quando isso é levado para a mídia, às pessoas logo se esquecem. Que força é essa que faz com que o desejo de possuir um bem ou serviço, seja forte do que a imagem da exploração do trabalho infantil?

Um comentário: